100km em 4 Dias de Bike pelo Marajó

Quem parte de Belém para o Arquipélago do Marajó tem basicamente dois pontos de partida, pode ser através de barcos que saem diariamente do terminal hidroviário de Belém ou partindo do porto da balsa localizado no distrito de Icoaraci a aproximadamente 20km do centro da Capital, a passagem da balsa para bicicleta custa R$35,00 (Junho/2017).

Partimos às 6:00 da manhã com destino ao porto de Camará, lugar onde aportam os barcos e balsas vindas de Belém, até a década de 70 havia a opção de ir direto a cidade de Soure, mas um naufrágio impossibilitou a operação do porto de Soure para embarcações de grande porte, o navio Presidente Vargas ainda se encontra no fundo do Rio Paracauari em frente ao porto de Soure. Para saber mais sobre essa história recomendo os links abaixo.

http://revistaviaamazonia.blogspot.com.br/2016/06/navio-presidente-vargas-o-titanic-dos.html

http://marajonoticias.blogspot.com.br/2012/06/40-anos-do-naufragio-do-presidente.html

O fato virou inclusive música popular paraense
https://www.youtube.com/watch?v=elbxh6Fq9wU

A viagem de balsa ou navio de Belém para Camará dura exatamente 3 horas.

1º Dia: Camará – Salvaterra – Soure

Chegando ao trapiche de Camará nosso primeiro destino foi a cidade de Salvaterra, um percurso de 26km que podem se feitos facilmente em 2 horas.

Salvaterra encanta pela grandiosidade de sua Orla, recém reformada e bem organizado ficamos encantados pela limpeza do local e aparência. A praia tem características de rio, com água barrenta e areia grossa, muito comum as praias de rio da região norte.

Uma dica é o filé com queijo de búfala, duas iguarias muito comuns na região que é grande produtora de carne de gado, búfalo e seus derivados.

Marajó de Speed

Quando disse que iria para o marajó de speed, bicicleta de estrada, muita gente achou estranho, visto que o marajó é o destino de muitas trilhas de MTB, mas no planejamento da viajem vi que o percurso todo era de asfalto, alguns trechos com asfalto um pouco danificado no entanto nada tão difícil de andar.

Vale citar a excelente qualidade da estrada que liga o porto de Camará a cidade de Salvaterra no Nordeste do Marajó, um asfalto liso e muito plano, um convite perfeito para andar de speed, a estrada também possui um baixíssimo tráfego de veículos o que torna o pedal muito tranquilo.

O Bikepacking, buscando o mínimo possível necessário

A ideia do bikepacking é usar a bike como meio de transporte com a possibilidade de levar seus pertences pessoais sem perder a eficiência de locomoção, no cicloturismo tradicional as biciclistas geralmente são pesadas chegando em alguns casos a pesarem mais de 50kg o que inevitavelmente compromete a velocidade e a qualidade do deslocamento de bicicleta. No bikepacking procuramos levar o mínimo possível, e o mais leve possível, tudo isso amarrado na bicicleta de forma mais aerodinâmica a fim de não comprometer a eficiência do transporte, tornando o deslocamento muito mais prazeroso e rápido. Por várias vezes conseguimos alcançar a velocidade de 30km/h no plano. Em planejamentos mais extremos ainda é possível levar barraca e itens de cozinha presos a bicicleta, geralmente no canote ou no vão do triangulo principal do quadro da bicicleta.

Salvaterra-Soure

Soure, a principal cidade do Marajó, como muitos dizem “A capital do Marajó” fica a 10km do Centro de Salvaterra separadas pelo Rio Paracauari, a travessia pode ser feita por balsa e é de graça para pedestres e ciclistas, ou pode ser feita em rabetas pelo custo de 2 reais por pessoa. A travessia dura menos de 5 minutos.

Soure esbanja a cultura marajoara para todos os lados, desde a comida, o jeito de falar das pessoas, as cores, gestos, sons e gostos. Uma cidade muito calma durante o dia e que no por-do-sol já se escuta o som do Curimbo vindo de alguma roda de Carimbo ecoando.

Em Soure percebemos de forma mais latente a cultura do Búfalo, eles estão por todos os lados, puxam carroças, servem de transporte, soltos, alguns amarrados por fios muito finos, um paradoxo pois um animal com características tão bravas e ao mesmo tempo tão calmo ao ponto de ficarem soltos pelas ruas.

 

Quando a noite cai escutamos música paraense por todos os lados de todas as épocas e gostos.

O verdadeiro Carimbo passado de geração em geração, um movimento cultural que eles mesmos fazem questão de manter latente para as novas gerações.

2º Dia: Soure – Curtume – Praia do Pesqueiro

No segundo dia o destino foi a Praia do Pesqueiro a 11km do centro de Soure, a estrada é totalmente asfaltada, com alguns trechos de asfalto irregular, mas tranquilamente acessível para uma bicicleta de estrada.

Mas antes uma desviada a esquerda para visitar o famoso Curtume Marajó, ondem podemos comprar brindes e lembranças marajoaras feitas a partir de couro. Desde os tempos de colônia de Portugal a atividade local foi voltada a criação de gado e mais tarde também de búfalos, um dos derivados dessa produção são os produtos feitos a partir do couro.

Alguns exemplares de crânios das diversas raças de búfalos do marajó

Praia do Pesqueiro

A praia do pesqueiro fica mais ao norte saindo de Soure o que lhe dá características únicas para uma “praia de rio” com água levemente salgada e areia branca como de uma praia oceânica com pequenas dunas.

Aos visitantes são disponibilizadas pequenas barracas de madeira já com uma rede instalada, praticamente a visão do paraíso sob um sol de quase 40º.

Ao chegar tudo que se quer é um refrigerante de guaraná bem gelado e ficar curtindo um ventinho na rede.

Para quem visita a praia uma boa pedida é o File de Búfalo com Queijo de Búfalo, um dos principais pratos da região.

3º Dia: Soure – Joanes

Chega a hora de voltar, atravessar novamente o Rio Paracauari em direção a Salvaterra até a Vila de Joanes.

Dessa vez atravessamos de rabeta por 2 reais cada pessoa, pois perdemos o horário da balsa

No meio do caminho a gente passa por muitos igarapés e é impossível resistir a tentação de dar um mergulho, alguns são incrivelmente cristalinos.

A liberdade que a bicicleta dá mais uma vez a prova, é só parar estacionar a bike na árvore mais próxima e mergulhar no igarapé

Joanes

Joanes é uma Uma Vila muito pequena com aproximadamente de 2.000 habitantes, a maioria pescadores. Joanes era uma antiga vila Jesuíta onde foi construída no século 18 um igreja, hoje um marco turístico da vila.

Uma vila bucólica, uma praia quase deserta, águas quentes e calmas, o lugar igual para relaxar e apreciar a paisagem. De frente para a praia o vento é constante e a noite conseguimos ver as luzes da “Cidade Grande” no outro lado do rio, Belém.

 

4º Dia: Joanes – Camará

 

No último dia de bikepacking partimos de volta para o porto de Camará em direção a Belém, no Marajó ficaram algumas certezas e muitas vontades.

A certeza de ter feito o planejamento correto, de ter escolhido os esquipamentos certos, de ter levado somente o necessário (ainda dava pra reduzir mais) e principalmente de ter a companhia certa para a aventura.

E a vontade de repetir esse pedal não somente no Marajó novamente, mas em outros lugares do Brasil e no mundo todo.

Em um lugar onde não há transporte público regular, utilizar a bicicleta para se locomover torna-se a opção ideal, além de aproveitar toda a liberdade de que a bike proporciona ainda é possível apreciar e viver os locais e as pessoas por onde passamos, a bicicleta funciona como uma cola social que aproxima o viajante das pessoas locais.

Sem dúvida para quem pretende visitar o Marajó a bicicleta é a melhor opção.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

A importância da avaliação de saúde na prática da atividade física.

Boa noite a todos os leitores do conteúdo desta página. Eu sou Michel Braga de Oliveira, médico e integrante do time de pedal amador Maroto’s.

Hoje gostaria de lhes falar sobre um cuidado muito importante aos ciclistas amadores, principalmente aos iniciantes. Que é a avaliação de saúde, a qual devemos todos realizar, antes de iniciar qualquer atividade física.

Normalmente vemos atletas profissionais realizando todas as formas de avaliações e tratamentos de saúde possíveis, para que tenham o melhor desempenho. Entretanto, devemos entender que isso se aplica a todos nós, até mesmo por que, buscamos o mesmo objetivo, que é a melhora de nossa saúde e um desempenho melhor a cada trilha ou passeio.

Não é incomum vermos um ciclista, nas trilhas que realizamos, apresentando sintomas de falta de ar, palidez na face, suando frio, com dores nas costas e nas pernas, casos de vômitos e até sintomas sugestivos de problemas cardíacos.

Devemos conhecer nossos limites. Isto não deve ser apenas mensurado por nós mesmos, ou seja, muito ciclistas afirmam: “aguento bem a dor”, “meu coração está acelerado demais, mas estou de boas”, “minha visão está turva, mas já vai passar”, “não vou arregar”, etc. Estas situações podem ser sinais de que seus limites não foram respeitados, e que algo em sua saúde, talvez deva ser avaliado por um profissional.

Uma boa consulta médica, com a realização de aferição da pressão arterial, ausculta cardíaca e pulmonar, avaliação de desvios na coluna, avaliação dos membros, solicitação de exames laboratoriais, eletrocardiograma e até uma radiografia do tórax; são fundamentais para que tenhamos como deduzir os limites que cada indivíduo terá ao realizar atividades físicas.

Comumente nossos pais e avós sofrem com dois problemas de saúde, os quais são a base de todos males que o sedentarismo nos causa. Estes são: Diabetes Mellitus tipo 2 e Hipertensão Arterial. Várias pessoas iniciam o ciclismo, objetivando combater o sedentarismo e prevenir o surgimento de tais doenças. Todavia, devemos justamente compreender, que sendo tais males, doenças com caráter hereditário, precisamos realizar um avaliação de saúde antes iniciar qualquer pratica de atividade física.

O ciclismo é uma atividade de exercício muscular e cardiorrespiratória intensa, ou seja, une atividade de musculação ao exercício aeróbico simultaneamente. É uma da melhores formas para se perder peso, melhorar nossa situação cardiovascular, prevenir doenças relacionadas ao sedentarismo e até mesmo melhorar nossa saúde mental. Mas também é uma carga intensa para o nosso coração, de maneira que precisamos saber em que condições nosso coração está, antes de nos submeter a este esforço físico.

As trilhas de nível iniciante, intermediária e avançada, foram escalonadas desta maneira, para que cada pessoa se adeque de acordo com seus limites, ao participar de um evento. Não só pela forma como se sente, mas também seguindo as orientações de seu médico.

Jamais devemos nos expor ao risco de forçar limites que não conhecemos, ao ponto de por nossa saúde ou nossa vida em risco. Atletas profissionais dos mais famosos e bem sucedidos, tem o pleno controle de suas situações de saúde e seus limites, devido avaliações médicas de rotina. Sigamos então seus exemplos, e cuidemos com responsabilidade de nossa saúde, para que o ciclismo venha a ser algo constritivo em nossas vidas.