A importância da avaliação de saúde na prática da atividade física.

Boa noite a todos os leitores do conteúdo desta página. Eu sou Michel Braga de Oliveira, médico e integrante do time de pedal amador Maroto’s.

Hoje gostaria de lhes falar sobre um cuidado muito importante aos ciclistas amadores, principalmente aos iniciantes. Que é a avaliação de saúde, a qual devemos todos realizar, antes de iniciar qualquer atividade física.

Normalmente vemos atletas profissionais realizando todas as formas de avaliações e tratamentos de saúde possíveis, para que tenham o melhor desempenho. Entretanto, devemos entender que isso se aplica a todos nós, até mesmo por que, buscamos o mesmo objetivo, que é a melhora de nossa saúde e um desempenho melhor a cada trilha ou passeio.

Não é incomum vermos um ciclista, nas trilhas que realizamos, apresentando sintomas de falta de ar, palidez na face, suando frio, com dores nas costas e nas pernas, casos de vômitos e até sintomas sugestivos de problemas cardíacos.

Devemos conhecer nossos limites. Isto não deve ser apenas mensurado por nós mesmos, ou seja, muito ciclistas afirmam: “aguento bem a dor”, “meu coração está acelerado demais, mas estou de boas”, “minha visão está turva, mas já vai passar”, “não vou arregar”, etc. Estas situações podem ser sinais de que seus limites não foram respeitados, e que algo em sua saúde, talvez deva ser avaliado por um profissional.

Uma boa consulta médica, com a realização de aferição da pressão arterial, ausculta cardíaca e pulmonar, avaliação de desvios na coluna, avaliação dos membros, solicitação de exames laboratoriais, eletrocardiograma e até uma radiografia do tórax; são fundamentais para que tenhamos como deduzir os limites que cada indivíduo terá ao realizar atividades físicas.

Comumente nossos pais e avós sofrem com dois problemas de saúde, os quais são a base de todos males que o sedentarismo nos causa. Estes são: Diabetes Mellitus tipo 2 e Hipertensão Arterial. Várias pessoas iniciam o ciclismo, objetivando combater o sedentarismo e prevenir o surgimento de tais doenças. Todavia, devemos justamente compreender, que sendo tais males, doenças com caráter hereditário, precisamos realizar um avaliação de saúde antes iniciar qualquer pratica de atividade física.

O ciclismo é uma atividade de exercício muscular e cardiorrespiratória intensa, ou seja, une atividade de musculação ao exercício aeróbico simultaneamente. É uma da melhores formas para se perder peso, melhorar nossa situação cardiovascular, prevenir doenças relacionadas ao sedentarismo e até mesmo melhorar nossa saúde mental. Mas também é uma carga intensa para o nosso coração, de maneira que precisamos saber em que condições nosso coração está, antes de nos submeter a este esforço físico.

As trilhas de nível iniciante, intermediária e avançada, foram escalonadas desta maneira, para que cada pessoa se adeque de acordo com seus limites, ao participar de um evento. Não só pela forma como se sente, mas também seguindo as orientações de seu médico.

Jamais devemos nos expor ao risco de forçar limites que não conhecemos, ao ponto de por nossa saúde ou nossa vida em risco. Atletas profissionais dos mais famosos e bem sucedidos, tem o pleno controle de suas situações de saúde e seus limites, devido avaliações médicas de rotina. Sigamos então seus exemplos, e cuidemos com responsabilidade de nossa saúde, para que o ciclismo venha a ser algo constritivo em nossas vidas.

Pedalar clipado, as primeiras impressões e umas quedas

Hoje é muito comum observar algum ciclista utilizando pedal de clip, e junto uma série de comentários sobre isso. Quem nunca ouviu algo do tipo: “Fulano caiu porque estava clipado, por isso eu não uso clip”, “Eu não uso clip, se eu cair vou ficar preso a bike até alguém me ajudar” e por ai vai.
Apesar de ter ouvido tudo isso, e ter ficado com um certo medo, resolvi meter a cara (e os pés) na ideia de pedalar clipado. O que eu posso dizer de cara? Eu me arrependo de não ter feito isso antes.
Pedalar clipado é como estar preso a liberdade! “Como assim Roque? Tu pedalou chapado?” Não cara, pensa comigo. O ciclista tem três pontos ligação e – consequentemente – controle com a bike, as mãos, as nádegas e os pés. Estar “preso” ao pedal te da um controle maior sobre ela, controle esse que eu nem sabia que podia ter, e junto a isso um maior aproveitamento do passeio, corrida ou seja lá qual for o seu objetivo. Sem contar a economia de energia, já que você não precisa ter o gasto de manter o pé no pedal.
Tá, você pode até não fazer uma trilha ou um pedal mais puxado, mas já percebeu como a bike se comporta em uma decida ou quando você acelera pra passar daquele sinal? Nem é preciso estar pedalando pra você sentir o pedal escapando do pé, agora imagina se tiver algum obstáculo no caminho. Não vou dizer que impossível, mas é um pouco complicado manobrar com a bike “fugindo” de você. Ou então imagina aquela decida na trilha, que você faz com a mão nervosa no freio. Eu, por exemplo, tive medo quando cheguei nela clipado? Muito! Eu desci clipado? Desci, e nunca desci tão bem! O controle sobre a bike, mesmo que inconsciente, foi perceptível. Ao invés de sair “dançando” de qualquer jeito pelo trajeto, ela foi seguindo o trajeto do meu corpo.
Mas se eu perceber a queda posso colocar o pé no chão e evitar

Sinceramente? Se for pra cair cai logo e pronto. Se até o Nino Schurter – atual campeão mundial, olímpico e do cape epic – cai quem somos nós pra não cair? Eu não tô dizendo que pedalar clipado é sinônimo de queda. No início você vai passar por um período de adaptação, então vai ser inevitável algumas quedas, a maioria são quedas bestas, parando ou estando parado até. Mas depois vai se algo tão instintivo que ao pedalar em uma bike com pedal de plataforma o movimento de soltar o pé vai ser involuntário. Durante a adaptação é interessante andar com pessoas que já utilizam o clip, pois ver e ouvir os outros clipando e desclipando ajuda a fixar o hábito na cabeça.
E se cair? Faz pose no chão pra foto, levanta, da risada com os amigos e segue o caminho. Só cai quem anda, ficar em casa fingindo é pior do que levar aquele tombo besta.

Não permita que o medo – irradiado por outros na maioria das vezes – tome conta da sua mente. Se der vontade de usar o clip procure uma pessoa que entenda do assunto para decidir a melhor alternativa de pedal e a melhor configuração do equipamento. A escolha errada do pedal, que nem da bicicleta , pode desencorajar a atividade.
Bom pedal e quedas a todos! Continue lendo “Pedalar clipado, as primeiras impressões e umas quedas”

Recuperação e descanso no ciclismo

A principal diferença entre ciclistas amadores e profissionais não está na quantidade treinos realizados, mas na quantidade e qualidade do tempo de recuperação. Quando não estão pedalando os profissionais estão 100% focados na recuperação, pois sabem que é quando o corpo de adapta e se torna mais forte.

Para amadores, com trabalho, família e outros compromissos, ficar de pernas pro ar sem fazer nada raramente é um opção. Entretanto se você não reservar um tempo na agenda para a recuperação, você não terá progresso, irá perder a motivação e sofrerá o risco de desenvolver a síndrome de Overtraining (Treino em excesso), possivelmente aumentando o risco de lesão ou doença.

A pedalada que você está fazendo impacta diretamente nos próximos treinos. Certifique-se de seguir rigorosamente a intensidade prescrita da sessão e não ser tentando a pensar que mais rápido ou mais difícil é necessariamente o melhor para o treinamento. Mantenha-se sempre bem alimentado e hidratado, se você esgotar as reservas de energia do seu corpo ou ficar severamente desidratado, você aumentará significativamente o tempo necessário para se recuperar.

Sempre termine qualquer pedalada com pelo menos 10 minutos na Zona 1 para fazer o resfriamento do corpo até parar.

Proteína é prioridade

Ao terminar qualquer pedal com mais de 90 minutos, a prioridade é tomar alguma proteína de qualidade e, para isso, o uso de proteína em pó pode ser a opção mais fácil. Você também vai precisar de alguns carboidratos para reabastecer as reservas de glicogênio do seu corpo, mais isso poderá ser feito na próxima refeição ao termino da pedalada. Pense quando você irá se alimentar logo após o treino, se demorar mais de 1 hora adicione algum carboidrato a sua bebida de recuperação. Seja cuidadoso para não exagerar no carboidrato.

Alongamento

O momento ideal de alongar é imediatamente após ao treino, mas você pode fazer após um bom banho sem problema. Você ainda terá benefícios a noite, se você acha melhor fazer o alongamento quando está mais relaxado, em alguns caso é até melhor em vez de fazer o alongamento logo após a pedalada. Dicas de alongamento podem ser encontrados no link direto: https://www.britishcycling.org.uk/knowledge/training/off-the-bike/article/izn20130617-Phil-Burt-s-Big-Four-0

Elevar

A velha máxima que diz nunca fique em pé quando você pode sentar e nunca fique sentando quando você pode deitar não é aplicável para atletas amadores que precisam encontrar tempo para o ciclismo e família. No entanto, passar algum tempo elevando suas pernas após um treino difícil pode fazer a diferença para a recuperação, promovendo o fluxo sanguíneo do corpo.

Com um travesseiro atrás da cabeça, coloque as pernas contra uma parede e aponte as pernas para cima por cerca de 5 minutos depois de cada pedalada.

Compressão

Meias de compressão são uma ferramenta de recuperação muito popular entre atletas. Usar uma meia de compressão no pós treino não é tão difícil. Meias de compressão também são indicadas para longas viagens e para o descanso de domingo após uma longa pedala pela manhã. É importante notar o tamanho e compressão ideal da meia para que o efeito seja satisfatório, dar preferência por uma marca de qualidade também ajuda bastante.

Massagem

Massagem pode aumentar o fluxo sanguíneo, alinhar corretamente as fibras musculares e ajudar na cicatrização. Contratar uma massagem semanalmente ou mesmo diaria geralmente está fora do orçamento da maioria das pessoas, mas agendar uma massagem durante a semana de recuperação é uma ótima ideia. Sempre procure um terapeuta massagista qualificado e com experiência em trabalhar com ciclistas. Um bom massagista, além de tratar áreas problemáticas pode indicar áreas com possíveis problemas e indicar exercícios ou alongamentos para o local.

Utilizar um rolo de espuma/eva pode ser uma ótima alternativa de massagem diária

Dormir

Qualidade do sono é igual a boa recuperação. Igualmente um sono ruim resultará a longo prazo em um deficiente desempenho mental e estresse do corpo. Isso acarretará impacto direto na sua capacidade de treinar e se recuperar.

Sono ruim pode ser sinal de Overtraining (Treino em excesso), baixo 5 passos para dormir melhor e consequentemente se recuperar melhor:

  1. Não treinar forte pelo menos 2 horas antes de dormir
  2. Evitar/Reduzir o uso de cafeína, nicotina e álcool antes de ir dormir. Beba leite quente, pois contém o aminoácido natural do sono Triptofano
  3. Associar o quarto com relaxamento e se livrar da TV
  4. Mantenha o quarto em uma temperatura confortável e arejado e tenha certeza que está escuro
  5. Não deite na cama, preocupando-se que você não consegue dormir. Não veja o relógio, isso incentiva uma resposta de estresse. Nem todo mundo precisa de 8 horas de sono para se recuperar, dê ao seu corpo a chance e ele irá encontrar o próprio padrão de sono perfeito.

Pedalar

Se você fez um pedal forte ou participou de uma competição, fazer uma pedalada de recuperação estilo passeio pode melhorar bastante o processo de recuperação. Pedale por 30-60 minutos em um percurso plano, use machas mais leves e tente fazer giros sem muita força. Faça pequenos sprints em baixa velocidade durante 5 a 8 segundos, isso ajudará a evitar as pernas pesadas. Se você usa um monitor cardíaco ou um medidor de potência, você deve ser manter sempre na zona 1. Qualquer esforço a mais do que esse você apenas estará adicionando mais fadiga ao invés de melhorar a recuperação.

Sobre banheiras de gelo

A ideia de sentar em banho de gelo depois de uma pedalada difícil, especialmente durante o inverno, é dificilmente uma proposta atraente, mas, felizmente, não precisa fazer parte da sua rotina de recuperação. Embora os banhos de gelo possam ser benéficos para os participantes de esportes de contato ou de alto impacto, para ciclistas, a mesmo que você tome uma queda, não parace ser uma boa ideia.

Salve os cubos de gelo para fazer sua vitamina pós treino!

Não use medicação

Usar alguns analgésicos durante ou depois de uma pedalada difícil para evitar as dores no dia seguinte pode parece uma boa ideia, mas você provavelmente está fazendo mais mal do que bem para seu organismo. Estudos sobre o uso de analgésicos durante as atividades de resistência demonstraram efeitos negativos sobre a digestão, função renal e um risco aumentado de hiponatremia (diluição de eletrólitos dentro do corpo)

Artigo traduzido e adaptado do site britânico https://www.britishcycling.org.uk/knowledge/article/izn20130108-Sportive-R-R–Maximise-your-post-ride-recovery-0

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